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O amor que nasce da dor

Uma das poucas coisas que nos fazem ignorar as diferenças de idade, pensamento, etnia, religião, condição financeira e geográfica é quando partilhamos a mesma dor ou o mesmo amor.

Quando alguém que venceu o câncer conhece um paciente que está no inicio do tratamento entende com mais facilidade o que o outro esta passando e todo o processo que irá enfrentar.

Alguém que perdeu um ente querido recentemente tem outros olhos para aquele que acabou de sofrer uma perda e está sentindo a dor.

Aquele que sofreu descriminação por sua forma de pensar, vestir ou agir pensa duas vezes antes de julgar o semelhante que passa pela mesma situação.

Aquele que passou por uma traição no casamento e ainda dói consegue olhar pro outro que acabou de sofrer algo semelhante e não se apressar para falar o que pensa.

Quem sente entende melhor quem está sentindo. E quem esta sentindo é mais sensível para não julgar as cicatrizes de quem já viveu. Ou assim deveria ser.

Em 2013, quando perdi minha mãe entendi o que uma amiga havia passado uns 8 anos antes quando perdeu o pai e pior, percebi o quanto eu precisava ter estado ao lado dela, pois hoje sei o quanto me fez bem ter meus amigos por perto naquele dia.

E como foi amargo perceber isso e ser tarde. Tento não cometer esse erro outra vez desde então.

Antes era mais fácil dizer "sinto muito, estou aqui pra você", de uma maneira como quem quer se compadecer, mas ainda era distante. Hoje, cada palavra que digo eu sinto como se fosse na minha pele porque a cicatriz não me deixa esquecer e tratar a dor do outro como se fosse qualquer, porque eu já estive lá e sei o quanto esse ferimento demorou para curar.

Ninguém sente sua dor por você e ninguém é obrigado a se compadecer. No entanto, em Deus se encontra o conforto que os braços não dão e também é nessas horas que nascem aqueles amigos mais chegados que irmãos.

É no fogo, na hora da dor, da dificuldade que se provam as amizades, as intenções e o caráter. Não só daqueles que se aproximam de nós, mas os nossos também.

É no fogo que o que é ouro fica mais evidente e o que é de plástico derrete. É na hora que dói que nossa perspectiva da vida e de nós mesmos muda.

Há quem pense que o fogo seja ruim.

Podemos nos perguntar o motivo de toda essa coisa ruim ter acontecido. E iremos. E talvez mais de uma vez. Mas há certas perguntas para as quais não teremos respostas, apenas o "aconteceu". Mas o que importa é como procederemos a partir de então.

Passar pela dor tem suas vantagens. Como saberia o quanto é forte se não fossem os momentos difíceis?!

Viver é crescer, é doer, é superar, é vencer, é conquistar outra vez e chegar no final da corrida com orgulho da pessoa que se tornou com o que aprendeu.

Seria muito melhor aprender sem errar, mas errar também faz parte do processo de aprendizado.

Ao meu ver os únicos exageros acontecem quando ignoramos os momentos difíceis, como se precisássemos provar o quanto somos fortes o tempo todo e também quando os sofrimentos tornam-se uma forma de se esconder atrás da auto-piedade.

Por isso digo, se está doendo, deixe doer, deixe curar, conquiste outra vez e por favor, quando o fizer, olhe para os lados com o mesmo cuidado que olhou pra si mesmo quando as dores chegaram porque sempre existirá alguém esperando encontrar quem entenda, quem não se apresse a dizer e quem simplesmente sinta a dor com ela até cicatrizar.

Acho que é nesse ponto que nascem os laços do amor, entre quem permitiu a dor se transformar em uma amizade mais profunda do que irmãos de sangue.

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