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Um sapato 36 para um pé 38

Que mulher não se sentiu frustrada ao entrar em uma loja, se apaixonar por um par de sapatos e perder todo o encanto ao descobrir que a loja não tinha o seu número? Acho que essa é uma das principais frustrações na vida de uma mulher. Agora e quando paramos de falar de sapatos para falar da vida?

Há alguns meses estava limpando umas coisas do armário da minha falecida mãe, quando me deparei com uma caixa nova de sapatos da Dunes. Como ela sempre foi uma pessoa bem organizada, poderia ter ali um sapato de 5 anos com cara de novo, mas quando abri a caixa tive uma surpresa. Encontrei uma sapatilha bege, linda, que ela ganhou meses antes de partir.

Minha primeira reação foi: encontrei exatamente o que precisava e ainda na cor que mais gosto! Mas a alegria foi se esvaindo quando virei o sapato e descobri que era 36. Que decepção!

Infelizmente meu pé 37/38 não caberia e quando encontrei a caixa já havia passado tempo demais para fazer a troca. Naquele momento pensei comigo: bom, como essa sapatilha tem elásticos nas pontas, por que não provar?! E naqueles 5 segundos de mistério, para minha surpresa, o sapato 36 serviu!

Fiquei tão feliz! Tenho que confessar que no começo pegava um pouco no dedo sim, incomodava, mas por ter elástico consegui adaptar ao meu pé e andava normalmente. Eu estava vivendo um milagre! Um pé mais 38 que 37 cabendo em uma sapatilha 36.

Bom, usei muito aquela sapatilha, foi meu acessório principal por muitos meses, até que comecei a notar que a sola estava ficando muito gasta, porque como o sapato não havia sido feito para o meu tamanho de pé, a pisada não encaixava corretamente, fazendo com que a sapatilha sofresse desgaste onde não deveria.

Bem, em vez de comprar outra insisti no calçado lindo que havia achado.

Mais um tempo se passou e o desgaste só aumentou até que de uma perca de cor, passou a um buraco feito na sola e o pior é que não era nem na parte de dentro, era fora mesmo, onde todos que prestassem atenção veriam que aquele sapato estava beeeem usado (risos).

Bem, já viram criança teimosa? Pois é, fui eu. Mesmo com o sapato gritando para ser aposentado, pensei: já não tive que gastar com ele antes não vou gastar agora, ele aguenta mais um pouco. E a situação foi ficando pior e pior, até que fui obrigada a tirar de circulação, porque além da sola, meu pé também não aguentava mais. Sem falar que ela já estava aos pedaços, quando consegui encontrar outra para substituir.

Por que estou te contando tudo isso? Porque recentemente percebi que não estava fazendo isso somente com sapatos ou roupas. Adquiri esse mau hábito na minha vida em aceitar coisas que não me serviam como se servissem e me adaptar a elas.

Um trabalho que não gosta, uma pessoa que não te ama, uma amizade que mais machuca que traz alegria. Situações que nos levam a pensar, até quando?!

Quando peguei o sapato ele serviu, deu certo por um tempo, mas quanto mais insisti naquele acessório mais meu pé doeu e desgastei mais desnecessariamente o material.

Algumas coisas na vida podem nos servir por um tempo, mas é somente para aquele tempo e aquela finalidade, depois elas precisam partir

Talvez se eu tivesse usado como uma sapatilha em transição enquanto procurava outra teria dado mais certo e poderia usá-la como aquele coringa, quando precisasse sair ou em uma emergência, mas agora, o lugar dela é o lixo e o meu pé também pagou o pato.

Não digo para descartar pessoas, como se fossem objetos, mas encontrar o lugar certo para elas dentro da sua vida. Não digo para se demitir do trabalho, como se não houvesse amanhã, mas encontrar um hobby que te faça feliz.

Se tivermos mais sabedoria para organizar melhor nossa vida talvez vivamos mais felizes, talvez não teremos tantos problemas e principalmente não nos machucaríamos ou desgastaríamos os outros desnecessariamente.


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